Nosso organismo, as nossas funções fisiológicas funcionam de forma rítmica, ou seja, tem altos e baixos ao longo de um certo período de tempo. Este período pode ser de aproximadamente um dia (circadiano), de poucos segundos, minutos ou horas (ultradianos), ou de mais de 28 horas até meses(ritmos infradianos).Todos os seres vivos da Terra (animais e vegetais) apresentam ritmos biológicos. No caso dos seres humanos, estes ritmos são endógenos, internos, e auto-sustentados por grupos de células localizadas dentro de nosso cérebro- os centros do chamado “relógio biológico”. São interligados com várias regiões cerebrais e fora do cérebro, e, de forma harmônica, anunciam ao nosso organismo como deve se comportar – se de dia ou à noite, quais e quanto de cada hormônio será secretado, quando as células de certos tecidos devem se dividir, qual a concentração de enzimas que deve haver naquele momento ou em outro para digerir os alimentos, a velocidade de transmissão de neurotransmissores, dos batimentos cardíacos, da pressão arterial, da viscosidade do sangue, etc.Os ritmos internos são sincronizados por marcadores externos, presentes no meio ambiente, como a variação entre luz-escuro, do relógio que nos permite saber as horas do dia ou da noite, do momento em que ocorrem as atividades sócio-familiares, dos horários de trabalho, etc. Um ritmo infradiano bastante conhecido é o do ciclo menstrual, que tem um período aproximado de 28 a 30 dias.Um exemplo de ritmo ultradiano é o ritmo da sonolência – sentimos sono no meio do dia, e à noite. Nossa temperatura corporal tem um marcado ritmo circadiano – com aumento durante o dia e o máximo no final da tarde, e uma queda lenta, gradual, após as 18 – 19 horas, alcançando o mínimo no meio da madrugada. Tornando a subir ao longo da manhã, e voltando a cair novamente no começo da noite. Há uma diferença de 1 grau a 1,5 graus entre o mínimo e o valor máximo diário do valor da nossa temperatura central.Se vocês pegarem o termômetro, e medirem a temperatura às 19 horas, provavelmente o valor será próximo a 37 graus. Se continuarem medir a temperatura verão que começa a cair ao longo da madrugada. De manhã cedo já estará subindo novamente. Uma pessoa que dorme à noite e está ativa durante o dia, e cuja temperatura periférica, medida com um termômetro, marque 37 graus de manhã, provavelmente está doente. Mas, o mesmo valor no final da tarde, pode ser absolutamente normal.Há uma pequena queda da temperatura central ao redor das 11-14 horas, que também corresponde ao horário do almoço. Mesmo que não comamos nada, a temperatura vai cair, e por isto, sentimos sono neste período do dia. Aliás, fazer jejum aumenta a sonolência.De madrugada, a temperatura está mais baixa, e sentimos muito sono. Por isto também é difícil de ficar acordado durante a noite. Quando trabalhamos várias noites e dormimos durante o dia, a curva da temperatura altera-se – não sobe muito durante o dia, nem desce muito à noite. Pelo fato da temperatura não diminuir durante o período de sono diurno, a pessoa vai ter dificuldade em cair no sono, e mantê-lo.Quando trabalhamos durante o período noturno (seja em horário noturno fixo, ou em turnos alternantes), não dormimos no período que devemos sempre dormir, ou seja, durante a noite. Tomamos luz na hora errada – ou seja, no momento quando deveríamos estar no escuro, dormindo.Um importante hormônio marcador do dia e da noite para o nosso organismo é a melatonina. Quando nossa retina recebe luz, e passa esta informação à glândula pineal, a melatonina deixa de ser produzida e enviada à corrente sanguínea. A melatonina é produzida à noite, quando estamos dormindo, e isto leva também a indução do sono. A melatonina tem sido utilizada para diminuir os efeitos do jet-lag para passageiros que atravessam muitos fusos horários.