Existem 1 bilhão de pessoas com deficiência no mundo, o equivalente a 15% da população global. Cerca de 80% delas estão em idade de trabalho. No Brasil, de acordo com o IBGE (2015), 6,2% da população tem algum tipo de deficiência. “O Futuro que Queremos: trabalho decente e inclusão de pessoas com deficiência” é uma série documental produzida para a internet com oito episódios que mostram boas práticas de inclusão de pessoas com deficiências diversas no mundo do trabalho, em diferentes contextos no Brasil. Assista agora.
Fruto de uma parceria entre OIT e MPT, a produção conta com o apoio da ANAMT, que foi convidada a colaborar devido a sua histórica participação na defesa da inclusão de pessoas com deficiência no trabalho e no combate à discriminação. Para a presidente da ANAMT, Dra. Marcia Bandini, a iniciativa é muito importante para reduzir o preconceito e a resistência que ainda existem na inclusão das pessoas com deficiência no trabalho.
“A ANAMT defende a inclusão e a diversidade há décadas e, por isso, ficamos muito felizes em poder contribuir com este trabalho e esperamos que nossa contribuição ajude a aumentar as oportunidades para a inclusão e a diversidade”, avalia.
Cada episódio mostra personagens que apresentam sua rotina de trabalho ou estudo para indicar que a inclusão é possível em qualquer situação e que as limitações estão na sociedade, e não nas pessoas. A presidente do Conselho Técnico de Inclusão e Diversidade da ANAMT, Daniela Bortman, acredita que o Médico do Trabalho é um dos principais protagonistas do processo de inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho, por deter o conhecimento das atividades laborais e das condições humanas.
“É atribuição deste profissional a realização da avaliação de capacidade laborativa de qualquer trabalhador, tendo ele algum tipo de deficiência ou não. Quando um Médico do Trabalho atesta a aptidão de um candidato com deficiência à uma determinada função, ele corrobora a viabilidade da execução da tarefa, ao passo que se ele o considera inapto, por falta de informação ou preconceito, ele segrega definitivamente”, observa.
Ainda é forte a associação indevida entre determinados tipos de deficiência e atividades profissionais, mesmo nos setores de recursos humanos das grandes empresas. Enquanto a área de RH das empresas tende a ver a contratação de pessoas com deficiência como mais difícil, apontando como problema principalmente a falta de profissionais qualificados disponíveis, especialistas criticam a predisposição de muitas delas de oferecer apenas vagas operacionais para esse público. “Na maioria das vezes, a deficiência é associada erroneamente a incapacidade pelos empregadores. A melhor forma de mostrar que isso não é verdade é com a mudança cultural, demonstrando cada vez mais casos de sucesso”, explica Daniela.
No site de empregos Vagas.com, 69% das vagas para pessoas com deficiência são para cargos de auxiliar – a porcentagem de anúncios para esse tipo de vaga cai para 32% no restante das vagas. O tamanho da diferença não equivale à formação dos candidatos cadastrados. Entre os com deficiência, 48% tem ensino superior, contra 53% dos candidatos sem deficiência com essa formação.
Para a Dra. Daniela Bortman, nenhum profissional é melhor ou pior por conta da deficiência. “O que acontece muitas vezes é que o profissional com deficiência não recebe condições de trabalho compatíveis com as suas necessidades, sendo o profissional correto na vaga errada, ou seja, uma situação que pode acontecer com qualquer candidato”.