O livro “Saneamento ambiental e saúde do catador de material reciclável” traz o artigo “Riscos à saúde do catador de materiais recicláveis, medidas preventivas e assistência à saúde”, que tem a coautoria da bióloga e tecnologista da Fundacentro, Elizabeti Muto. O capítulo foi escrito com a médica e consultora Ana Maria Moreira, a coordenadora adjunta da Câmara Técnica de Resíduos Sólidos da Abes-SP, Delaine Romano, e a médica do trabalho da Sabesp, Telma Nery. Já a coordenação da obra é de Roseane de Souza, engenheira sanitária e diretora da Abes-SP.
Os artigos da obra pretendem fomentar boas práticas de saneamento, apresentando nove capítulos com recomendações e técnicas para o desenvolvimento de políticas públicas voltadas à gestão de resíduos sólidos no país. “Os autores foram convidados pelo notório conhecimento e experiências nessas atividades no Brasil e foram incentivados a desenvolver seus conteúdos próprios”, afirma Souza, que coordena a Câmara Técnica de Resíduos Sólidos, na apresentação do livro. Ainda apontam a importância e o papel estratégico da coleta seletiva nas políticas públicas.
Já o texto escrito por Muto, Moreira, Romano e Nery mostra a existência de riscos à saúde e qualidade de vida enfrentados pelos catadores. Eles atuam como trabalhadores informais em ruas, logradouros públicos e nos ainda existentes lixões, mas também exercem atividades em Centrais de Triagem (CTs), organizados em cooperativas ou associações.
“Independentemente da função, o risco à saúde durante a manipulação de resíduos é muito acentuado, principalmente nos países em desenvolvimento, nos quais o contato entre o trabalhador e os resíduos é maior e o nível de proteção menor”, explicam as autoras.
É preciso considerar que a saúde do catador está relacionada não só aos riscos nos locais de trabalho, mas também às condições de vida, como salário, moradia, alimentação, lazer e a sua participação na sociedade. A precariedade marca o ambiente de trabalho e a vida desses trabalhadores, que estão expostos a riscos biológicos, químicos, físicos, ergonômicos e de acidentes. As autoras revelam os principais fatores de risco, agravos à saúde e as medidas de proteção que devem ser adotadas.
“Os gestores devem ter o compromisso de implementar, coordenar e acompanhar ações para a redução e eliminação dos riscos. Os trabalhadores devem participar de todas essas fases e processos, estando atento às situações de riscos e acidentes no local de trabalho e se empenhar para que as medidas de prevenção sejam praticadas e evoluam continuamente”, afirmam as autoras.
A primeira fase da prevenção “abrange o planejamento dos processos produtivos, seleção de tecnologias, adequação das instalações, organização das tarefas, aquisição de produtos e maquinários, equipamentos de proteção e materiais e o conhecimento dos riscos”. A segunda envolve o gerenciamento de riscos e a melhoria contínua dos elementos do processo de trabalho relacionados à segurança e saúde dos trabalhadores. Já a terceira é a fase da remediação ou atenuação dos riscos, como os procedimentos de emergências: “evacuação, primeiros socorros, remoção e tratamento, além de posterior acompanhamento do acidentado”.
O artigo também ressalta a importância da implementação do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO (Norma Regulamentadora 7), do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA (NR 9) e de outros programas relacionados à SST, com a participação da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – Cipa (NR 5).
(Fonte: Fundacentro)