Algumas pessoas sentem dificuldade em se desligar do trabalho mesmo após o expediente. Isso pode acontecer por diversos fatores, como acúmulo de atividades e responsabilidade com as funções. Contudo, trabalhar além do horário pode causar diversos problemas nesse colaborador, tanto físico como mental. Segundo a Associação Internacional de Manejo do Estresse (ISMA), 72% dos brasileiros que estão no mercado de trabalho sofrem alguma sequela ocasionada pelo estresse.
A psicóloga Maria Clara de Brito explica que alguns fatores contribuem para o desenvolvimento desses transtornos, como manter-se sempre conectado à internet e a não diferenciação do número pessoal e profissional. Seguir um horário correto de desando é essencial para o bem estar e a saúde mental do trabalhador.
“Quando você se dedica muito ao trabalho após a sua jornada, isso pode trazer estresse e ansiedade, pois a pessoa não tem seus momentos de lazer. Por isso há necessidade de ter horário de trabalho estipulado. Em geral, o trabalhador tem duas horas, dentro do horário de trabalho, para que seja feito o descanso. Muitas pessoas não sabem fazer essa diferenciação, do horário de trabalho e de lazer, então é importante que existam celulares corporativos, de forma a deixar esse trabalhador livre de funções que ele desenvolve somente no horário de trabalho, podendo, assim, fazer esse desligamento de maneira saudável após sua jornada de trabalho”, enfatiza a psicóloga.
A especialista também destaca outros fatores que podem comprometer a saúde do trabalhador, como seu comprometimento às funções que realiza na empresa. Essa sensação de responsabilidade pode fazer com que o colaborador dedique mais tempo do seu dia a realizar determinadas atividades, mesmo não estando mais dentro do horário de expediente.
“Se a pessoa tiver muitas tarefas para fazer e, por conta da pressão de algum líder ou diretoria, esse trabalhador acaba não conseguindo se desligar desse trabalho devido o acúmulo de tarefas e isso pode prejudicá-lo. Fora que muitas pessoas se sentem na obrigação de manter esse trabalho, seja por gostar ou por achar que é viável”, acrescenta.
Maria Clara de Brito ainda explica que, quando não é determinado esse momento de lazer, é possível que o trabalhador desenvolva alguns traumas, inclusive quem está à sua volta. Esses prejuízos podem ser tanto físico como mental.
“A saúde mental é muito importante e é preciso estar sempre cuidando, por isso deve-se saber separar o trabalho das atividades de lazer, fazendo isso da melhor forma possível. A saúde física da pessoa também é importante, porque ocorre desgaste e isso compromete o físico do indivíduo, além de afetar o mental”, ressalta.
Empresas devem desenvolver atividades voltadas para os colaboradores
Para manter a saúde física e mental do colaborador, é importante que os trabalhadores e a empresa estejam em sintonia. Segundo a psicóloga Maria Clara de Brito, é fundamental que o Recursos Humanos (RH) dê mais abertura aos funcionários, através de conversas, aconselhamentos e encaminhamentos, caso necessário.
Ela destaca que essa escuta é essencial para que o colaborador comente o que pode estar atrapalhando sua rotina e a jornada de trabalho, além de desenvolver treinamentos, que são essenciais para o bom desempenho e capacitação dos funcionários. Ginásticas laborais e momentos de produtividade são algumas das atividades que podem ser implementadas.
“No mural do afeto, por exemplo, as pessoas se sentem mais acolhidas e pertencentes. Já a realização de exercício ajuda na deliberação de endorfina. O RH deve desenvolver atividades para que os funcionários consigam dialogar, sorrir e conversar um pouco com os outros colaboradores, entre outras ações que façam com que os trabalhadores tirem um pouco do peso que é estar no ambiente de trabalho fazendo apenas as atividades que lhes competem durante sua jornada”, comenta.
Maria Clara de Brito enfatiza que as orientações que visam à qualidade de vida no trabalhador e que, atualmente, é muito comum o adoecimento por conta da pressão do trabalho, onde o próprio diretor e funcionário acabam se frustrando por não conseguirem realizar todas as atividades que tem em mente. Ela lembra que a organização no trabalho é fundamental para que o colaborador não fique atarefado e consigo realizar as atividades da forma como devem ser feitas e priorizando o que é importante.
“Deve-se também verificar se os seus colegas de trabalho não estão precisando de ajuda. Quando o colaborador consegue manter o foco e a organização no trabalho, tudo é mais fácil de ser feito durante a jornada e, quando concluído aquele dia, é possível de desvincular para o outro dia. É sabido que em um momento ou outro iremos levar um pouco de trabalho para casa, mas devemos sempre nos policiar e, quando achar que está muito atarefado ou com pressão a mais, conversar com o supervisor ou líder para poder minimizar isso”, finaliza a psicóloga Maria Clara de Brito.
(Fonte: O Dia)