Peço licença aos colegas para tecer comentários que podem parecer redundantes ou desnecessários, mas, certamente, para alguém ou alguns, e não importa
quantos, farão sentido. Ressalto que são decorrentes do que penso, de modo que não os faço em nome de nenhuma Instituição, mas, em prol da nossa especialidade.
Isto porque, diante do cenário atual e olhando, com olhos de quem atua há muitos anos no mundo do trabalho, inquieta-me o presente pelo que pode, em decorrência do que for ou não feito agora, trazer consequências funestas para a nossa área.
Parafraseando Sêneca, filosofo estoico, “não haverá razão para viver, nem termo para as nossas misérias, se for mister temer tudo quanto seja temível!”.
Portanto, inquietar-se não quer dizer temer e ficar inerte pelo medo. Inquietar-se, é sentimento de quem está atento aos acontecimentos presentes, quando eles parecem caminhar para rumos indesejáveis.
Portanto, inquietar-se não quer dizer temer e ficar inerte pelo medo. Inquietar-se, é sentimento de quem está atento aos acontecimentos presentes, quando eles parecem caminhar para rumos indesejáveis.
A inquietação exige que se faça algo para que ela deixe de ser o motivo principal de uma angústia, passando a ser o motivo de um ato sensato que culmine com a sua substituição por algo melhor.
Encarar o momento atual, com tantas perspectivas de mudanças, não é tarefa fácil. Sobretudo, por exigir um rigoroso levantamento das lacunas a serem preenchidas com atos decisivos para o empoderamento da nossa profissão, atentando para não repetirmos o que de errado houve e reforçando os pontos positivos já existentes.
Daí a importância de nos agruparmos e, assim, atuarmos no sentido de que essas mudanças tragam em seu bojo, efetivos benefícios para o mundo do trabalho, do qual fazemos parte como atores principais e nos recusamos a passar a fazer o papel de meros coadjuvantes.
Em tudo aquilo que podemos mudar para melhor, devemos interferir.
Isto se aplica a todos e todas que estão acompanhando as insidiosas mudanças que estão ocorrendo no mundo do trabalho.
Dirijo-me, portanto, aos colegas que atuam na área, para que possamos refletir sobre nossas ações nestes momentos difíceis de agora.
Para que, aonde quer que estejamos, possamos ser úteis, cabendo-nos a importante tarefa de representar o que de melhor existe na Medicina do Trabalho.
Nossas experiências, fruto do resultado do que ouvimos, presenciamos e modificamos na nossa lida diária, não podem ser menosprezadas. Devem ser ouvidas. E aqui, não há que se falar de ouvidos moucos, se nossas vozes forem claras e em bom tom.
O momento atual exige que tenhamos bom senso, sejamos éticos, persistentes e corajosos, para que consigamos
as mudanças que queremos.
Tarefa hercúlea? Sim. Mas, não impossível, se entendermos que não cabe, no atual contexto, passividade. Mais que isso, é preciso entender que as diferenças que marcam nossas visões do mundo e individualidades, não podem ser referência e motivo de desunião permanente.
A nossa profissão, por sua importância social, e tendo em seu quadro pessoas de notória competência e capacidade de implementar ações, não pode ficar à mercê de influências externas, como se fosse destino o declínio da nossa área.
A ANAMT, como Instituição que nos representa, sabendo do potencial de cada um e acompanhando a atuação daqueles que não estão se limitando a representar o papel de meros espectadores, ao se fazer presente aonde for necessário, reforçará certamente a nossa luta.
É disso que precisamos!
–
Dra. Edenilza Mendes
Médica do Trabalho e Sanitarista, Médica do Trabalho do Setor de Normas e Procedimentos do DPME-SP e Membro da Diretoria Científica e do Conselho de Comunicação da Associação Paulista de Medicina do Trabalho (APMT) e membro da Câmara Técnica de Medicina do Trabalho do CREMESP