A Revista Brasileira de Saúde Ocupacional (RBSO) publicou o ensaio Rompimento das barragens de Fundão e da Mina do Córrego do Feijão em Minas Gerais, Brasil: decisões organizacionais não tomadas e lições não aprendidas. Segundo os autores, esses “rompimentos de barragens de rejeitos de mineração provocaram, em 2015, o maior desastre socioambiental e, em 2019, o maior acidente de trabalho do Brasil”. No primeiro caso, em Mariana/MG, morreram 19 trabalhadores e moradores das áreas atingidas. No segundo, em Brumadinho/MG, houve a morte de 270 pessoas, dos quais 258 eram trabalhadores – 127 da Vale, 118 terceirizados, 3 estagiários e mais 10 que trabalhavam fora da mina.
Os pesquisadores avaliam que fatores gerenciais, de operação, de manutenção, de engenharia e do ambiente de trabalho contribuíram para os rompimentos das barragens de Fundão e da mina do Córrego do Feijão. A análise foi feita a partir de pesquisa documental, que utilizou relatórios oficiais sobre os acidentes, publicações técnicas e científicas e legislação pertinente ao tema.
O ensaio destaca a importância da autonomia de técnicos e gerências na tomada de decisões. Também aponta a necessidade de alterar as normas técnicas utilizadas por empresas e os critérios de licenciamento e controle estatal de atividades que implicam grande risco ambiental e social.
“A tomada das decisões na construção, operação, manutenção e controle de tecnologias e sistemas de produção que apresentam riscos de causar desastres, como no caso de barragens de rejeitos, somente pode avançar com a adoção de um sistema de comunicação claro e eficaz entre as diversas instâncias das organizações, explicitando responsabilidades e riscos socioambientais, associado ao monitoramento e controle de todas as partes interessadas, inclusive com a participação das comunidades potencialmente afetadas”, afirmam os autores.
Fonte: Fundacentro