A ANAMT, com a participação dos associados, formou um grupo de trabalho para elaboração de diretrizes de boas práticas no uso da telemedicina na Medicina do Trabalho. A primeira versão do documento está prevista para ser finalizada em julho de 2022. A proposta da ANAMT é desenvolver normas que garantam a boa qualidade dos trabalhos, específicos para a Medicina do Trabalho, de forma a complementar a Resolução CFM nº 2.314/2022, que define e regulamenta a telemedicina no Brasil, às características da especialidade, e ser um documento norteador formação dos médicos especialistas na área. A resolução do Conselho entrou em vigo no dia 5 de maio.
Todo esse trabalho está a cargo do especialista em Telemedicina Dr. Chao Lung Wen, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e chefe da Disciplina de Telemedicina. Ele é o coordenador do projeto, responsável pela implementação da dinâmica de grupo nas oficinas e pela elaboração do documento com as primeiras diretrizes a serem entregues à ANAMT.
O primeiro passo foi dado com a realização da oficina de abertura nessa segunda-feira (23 de maio), com o objetivo de ouvir as propostas dos médicos do trabalho de diferentes áreas, para a elaboração da norma que deverá ser seguida pelos profissionais do setor. Ao todo, serão realizadas três oficinas síncronas.
“A nova resolução do CFM traz definições genéricas, reconhecendo sete modalidades de senso comum. Mas, para que possamos garantir a qualidade do trabalho, cada especialidade e cada sociedade médica tem que definir o que são as boas práticas dentro de cada área de atuação especializada”, explicou o Dr. Chao Wen.
A segunda oficina está marcada para 13 de junho e a última será realizada no dia 4 de julho, quando será apresentada a primeira versão do documento com a identificação dos tipos de atendimento que podem ou não ser realizados com o uso da teletecnologias, ou de forma híbrida, ou somente presenciais, seguindo protocolos específicos.
As oficinas coordenadas pelo Dr. Chao contam com uma plataforma para gerenciar a dinâmica de grupo on-line e para receber as propostas e sugestões para a elaboração do documento, baseado em conceitos de Design Thinking. Os participantes têm até 12 de junho para alimentar a plataforma sobre o que consideram importante em suas áreas de atuação. No período de 14 de junho até 3 de julho, as considerações serão colhidas para a formulação da primeira versão, que será apresentada no dia 4.
“Temos que trabalhar na qualificação profissional e identificar os aspectos que definem um bom exercício profissional usando a telemedicina dentro da Medicina do Trabalho. As diretrizes de boas condutas e de boas práticas são as bases norteadoras para garantir a qualidade e ética profissional”, destacou o coordenador das oficinas, ao acrescentar que a medicina do trabalho é quem vai definir quando a telemedicina é um trabalho de suporte ou de primeira linha. “A primeira versão publicada, a ANAMT provavelmente terá um GT de Telemedicina para acompanhamento das inovações e para reunir as contribuições da sociedade para inclusão e publicação de novas atualizações”, completa Dr. Chao.
O CFM incluiu na resolução, entre outras modalidades, a teleconsulta, o telediagnóstico (emissão de laudos de exames), a teletriagem e o telemonitoramento para acompanhar a evolução clínica de um paciente.
“Uma das importantes ações da telemedicina é o seu potencial de organizar e proporcionar linhas de cuidados e ser um recurso, por exemplo, para acompanhar de forma mais contínua a adesão do tratamento de doentes crônicos”, citou o especialista, chefe da disciplina de telemedicina da USP e doutor em Informática Médica, entre outros títulos acadêmicos.