A programação científica do 21º Congresso Nacional ANAMT, que ocorre no Centro de Convenções e Eventos da Associação Médica de Minas Gerais (AMMG), em Belo Horizonte (MG), teve início nesta segunda (30) com o curso sobre ‘Estabelecimento do nexo causal e concausa na avaliação do dano’, ministrado por Dr. Weliton Barbosa Santos. À tarde, será realizado outro curso, sobre GRO/NR 7, com Dr. Matheus Concolato de Araújo.
No evento, ainda ocorreu a conferência magna ministrada pelo presidente da ANAMT, Dr. Francisco Cortes Fernandes, sobre A Importância do Exame Ocupacional na Prática da Medicina do Trabalho.
Na apresentação, Dr. Francisco destacou a importância da realização bem feita do exame, visto que o mesmo é um documento científico, médico é legal, além de ser uma forma de conhecer as demandas dos trabalhadores e de coletar dados de saúde, que são fundamentais para avaliar as condições de saúde, identificar fatores de risco e fazer intervenções adequadas.
O presidente também citou dados sobre as doenças que causaram mais mortes em 2021, que indicam doenças como covid-19, derrame, diabetes e doenças cardiovasculares, indicador que pode contribuir para a adoção de medidas preventivas. Ainda sobre o exame, ele ressaltou a importância de realizá-lo com cuidado e comprometimento. Dr. Francisco encerrou a apresentação com uma homenagem ao Dr. Hélio Copelman e à Dra. Jandira Dantas, médicos do trabalho falecidos em setembro.
Crédito: Ronaldo Almeida
A apresentação foi seguida pela conferência da Dra. Elizabeth Dias sobre Competências Requeridas ao Exercício da Medicina do Trabalho: Perspectivas na Linha do Tempo. Inicialmente estabelecidas pela ANAMT em 2002 e com a última revisão em 2018, a palestrante explicou que uma nova revisão será realizada levando em consideração as mudanças recentes relacionadas ao pós Covid, momento que trouxe profundas mudanças na saúde, no trabalho e no exercício da especialidade.
Entre os temas que serão levados em consideração na revisão das competências, estão acidentes ampliados por conta das catástrofes ambientais associadas às atividades produtivas, emergências climáticas e epidemias de doenças negligenciadas, como dengue e gripe H1N1. Nesse contexto, Dra. Elizabeth acrescentou que houve valorização do SUS e da especialidade.
Para o uso das competências no exercício da Medicina do Trabalho, segundo Dra. Elizabeth, é preciso aprender a conviver com a incerteza, ampliar e revisar criticamente o conceito de nexo adoecimento e trabalho, entre outros aspectos. Conhecer as novas formas de ocupação e vínculos empregatícios também é necessário.
As apresentações foram seguidas pela mesa redonda Saúde Mental nos Seguimentos Profissionais, com palestra de Dra. Ana Cláudia Fávero, que falou sobre a saúde mental dos bancários. Ela destacou que os profissionais devem se sentir acolhidos pelos médicos do trabalho. Para abordar o tema entre a categoria, há medidas como psicólogos disponíveis nos ambulatórios, apoio psicólogo a distância e webinários sobre o tema para os gestores, além da realização dos exames periódicos como ferramenta de rastreio.
Dra. Andrea Silveira abordou a perspectiva sobre os profissionais de saúde, categoria que predominantemente registra casos de depressão, ansiedade e suicídio. Entre os fatores de risco, estão sobrecarga de trabalho, capacidade técnica limitada e precarização de vínculos. A capacitação para realizar diagnósticos em saúde mental e protocolos na área estão entre as ferramentas que podem ser usadas.
Dra. Sandra Maria Gasparini tratou da saúde mental dos professores. Ela lembrou que os transtornos mentais podem se manifestar em sintomas como fadiga, irritabilidade e dores musculares difusas, o que contribui para a complexidade do diagnóstico. Além disso, falta de apoio social e aumento da violência nas instituições escolares contribuem para esse contexto.
Ainda foram realizadas mesas-redondas sobre Acidente de Trabalho e Mercado de Trabalho, seguidas pelo Simpósio Satélite SME – Serviços Médicos Educacionais. Na apresentação, Wallyson Soares, diretor de conhecimento do Departamento de Pesquisa e Inovação da SME, falou sobre o tema Gestão da Fadiga dos Trabalhadores e Predição de Risco com Avaliação Computadorizada.
Ele explicou os conceitos de fadiga, que é um estado de esgotamento com capacidade reduzida de trabalho, e fatores de propensão, como ambientes insalubres e autoritários, menores salários e falta de EPIs, além das diferenças e semelhanças com a depressão. O palestrante explicou como o sistema propicia a realização de ações preditivas e preventivas.