A procura por uma vaga nas Residências em Medicina do Trabalho vem aumentando ano a ano pelo país. Instituições privadas e públicas estão valorizando a especialidade e buscam no mercado profissionais capacitados para cuidar da saúde e da segurança do trabalhador no ambiente laboral
São Paulo: ISCMSP
Dra. Flávia Souza de Almeida, coordenadora e preceptora da Residência em Medicina do Trabalho da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (ISCMSP), constatou o aumento na procura por residência na especialidade. “Entre 2017 e 2022, já tivemos vagas ociosas. No entanto, nos dois últimos anos, a procura para a especialidade foi retomada, chegando até 20 candidatos/vaga no último ano. Temos um bom resultado de empregabilidade dos residentes, a maioria deles já sai da residência com emprego em empresas reconhecidas”, destacou a médica.
A Residência em Medicina do Trabalho no ISCMSP dura dois anos e o ingresso é realizado por concurso anualmente, conforme informou a coordenadora. No primeiro ano, os residentes passam por uma atualização a partir de atividades práticas nas especialidades mais comuns no dia a dia do médico do trabalho, como dermatologia, otorrinolaringologia, oftalmologia, fisiatria, ortopedia entre outros, mais o conteúdo teórico de medicina do trabalho, explicou a especialista.
Ainda no primeiro ano de formação, o residente inicia as atividades práticas em empresas e Instituições Públicas relacionadas à área de segurança e medicina do trabalho, focando na diversidade de ramos de atividades e atuações do médico do trabalho, para que tenham experiências práticas distintas, como frisou a preceptora.
“Esta prática é um grande diferencial da residência, que permite que o médico (a) já vivencie as áreas de atuação da medicina do trabalho, desde empresas prestadoras de serviços, como em SESMT de empresas de diversos ramos, de metalúrgicas à área corporativa, do atendimento médico ocupacional à gestão integral da saúde, além da atuação na esfera pública, como no Centro de Referência de Saúde do Trabalhador”, enfatizou Dra. Flávia, ao acrescentar que “a metodologia de ensino é principalmente prática, tanto com atividades em campo, como discussão de casos”.
A médica informou que desde 2004 a instituição conta com um ambulatório de doenças ocupacionais que atendem diretamente a população pelo SUS, nos casos relacionados ao trabalho. “O objetivo principal é a investigação de nexo ocupacional, para o qual realizamos visitas ao local de trabalho, mas também avaliações para encaminhamentos para a Previdência Social e readaptações de atividades de trabalho”, complementou a médica.
Quatro professores atuam na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. A própria Dra. Flávia Souza de Almeida, prof. José Tarcísio Buschinelli, prof. Jefferson de Freitas e a profª. Daniele Maciel. “Estamos ligados ao Departamento de Saúde Coletiva, onde somos responsáveis pelo ensino da Medicina do Trabalho na graduação, pós-graduação e residência médica. Ligados diretamente à preceptoria da Residência, estou eu e o prof. Tarcísio Buschinelli”, complementou.
Desde 2003, 65 residentes passaram pela formação na instituição, sendo 47 na ISCMSP e 18 no Hospital Servidor Público Estadual (HSPE). A Residência de Medicina do Trabalho ISCMSP e HSPE sempre foram realizadas em parceria nestas Instituições. “Atualmente formamos um residente por ano. Já houve época, até 2017, que eram três residentes por ano.
Como explicou Dra. Flávia, a Medicina do Trabalho foi reconhecida como especialidade em 2003, pela Resolução do CFM nº 1643/2003. “A partir de então, iniciamos a Residência em Medicina do Trabalho no ISCMSP com ingresso direto, com a primeira turma em 2004. A história da Residência em Medicina do trabalho na Santa Casa é um pouco mais antiga, já tivemos residentes em Medicina do trabalho nos anos 1970, quando as empresas mantinham a bolsa dos residentes e ainda não havia regulamentação da Residência Médica. A Residência Médica foi instituída em 1977, pelo Decreto nº 80.281, com esta regulamentação, nos anos 1980, houve ingresso para Residência em Medicina Social com área de concentração em Medicina do Trabalho, finalizou Dra. Flávia.
Brasília: FEPECS
Dra. Rosylane Rocha, supervisora e preceptora da residência Médica de Medicina do Trabalho na Escola Superior de Ciências da Saúde da Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde (FEPECS), no Distrito Federal, também confirma que a procura por especialização em Medicina do Trabalho tem aumentado nos últimos anos e o motivo, aponta a médica, é o aquecimento do mercado, que busca profissionais especialistas na área. Os residentes logo conseguem trabalhar na área após a especialização, em geral em clínicas e por meio de concurso público, como destacou a médica.
A residência na FEPECS iniciou em 2016 e desde então formou onze residentes. Dra. Rosylane, que é diretora científica da ANAMT, divide a preceptoria com Dra. Andréa Amoras, que é editora chefe da RBMT. Em 2024, a instituição conta com três médicos na residência. A formação segue a metodologia de aprendizagem baseada em problema. A cada seleção, são oferecidas duas vagas.
São Paulo: FMABC
Coordenadora do Programa de Residência na Faculdade de Medicina do ABC (FMABC), Dra. Maria José Fernandes afirma que a procura por especialização em Medicina do Trabalho é resultado da maior divulgação dos programas e oportunidades de emprego em diversas áreas de atuação. “Durante a residência, os médicos fazem estágios em indústria química, setor de comércio, têxtil, metalúrgica, hospitais e outros”, pontuou a médica.
Por ano, a FMABC forma dois residentes e, desde 2006, quando o programa foi iniciado, até 2023, 25 médicos receberam o título de especialização na residência. Os médicos passam por formação teórica, teórica-prática e atividade em exercício, como explicou a coordenadora. “São diversas metodologias, mas a formação é essencialmente prática”, ressaltou Dra. Maria José.
Segundo a coordenadora, os preceptores são professores do centro universitário e colegas gestores de empresas parceiras. A seleção por concurso ocorre anualmente, com duas vagas. Neste ano, quatro médicos estão no programa.