Abertura do Seminário Norte Nordeste da ANAMT
Durante três dias, Teresina sedia o Seminário Norte-Nordeste da ANAMT, levantando o tema principal “A Medicina do Trabalho nas Regiões Norte e Nordeste – cenário atual, desafios e perspectivas na promoção de um trabalho digno, seguro e saudável”. A mesa de honra da abertura contou com as presenças da presidente da ANAMT, Dra. Marcia Bandini, o presidente da APMT-PI, Dr. Pascoal da Costa Neto, o vice-presidente Região Norte da Associação, Dr. Ricardo Turenko, o vice-presidente da Região Nordeste da ANAMT, Dr. Glauber Paiva e a presidente do Conselho Regional de Medicina do Piauí (CRM-PI), Dra. Mírian Perpétua.
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Seminário Norte-Nordeste da ANAMT oferece ampla variedade de conhecimento em seu primeiro dia
Dando início à programação do evento, Dra. Marcia Bandini abordou sobre a distribuição dos médicos do trabalho no Brasil, principalmente no Nordeste. Embora cada região tenha seu potencial de crescimento, os desafios são semelhantes em nível nacional. “Nosso desafio é ter mais ética, trabalhar mais por saúde e pelos trabalhadores, olhar para o futuro e acompanhar os avanços da ciência. Somos de regiões diferentes, mas somos um só Brasil e precisamos lutar por um país melhor e mais justo”, destacou.
O desembargador Francisco Marques de Lima
Para falar da importância de um ambiente de trabalho sadio, o Seminário recebeu o desembargador Francisco Marques de Lima, do Tribunal Regional do Trabalho do Piauí (TRT-PI). “Um ambiente de trabalho sadio, no ponto de vista ecológico e psicológico, é essencial para o trabalhador. Ele precisa ser bem tratado, estimulado, valorizado, não sofrer agressões de ordem moral, como discriminações e pressões indevidas. Estando tudo bem colocado, as famílias e sociedade em geral terão um retorno extraordinário, consequentemente trazendo a paz social”, enfatizou.
Dando continuidade ao tema “Obrigações do Empregador e do Empregado”, o desembargador citou os pontos de vista da legislação e a terceirização de serviços. “A terceirização não deve ser proibida, mas precisa ser acompanhada com a devida cautela de quem toma o serviço, para que haja respaldo financeiro para lidar com futuros problemas desse empregado”, completou.
O Procurador Edno Carvalho
Na segunda conferência da manhã, o Procurador Edno Carvalho Moura tratou das alterações que a Reforma Trabalhista trouxe e como ela afetou saúde, segurança e higiene dos trabalhadores. “Sob a ótica do Ministério Público, houve um impacto negativo, pois pode implicar em alguns agraves para a saúde do trabalhador”, comentou.
Entre os pontos mais graves da Reforma, o Procurador citou a questão das trabalhadoras gestantes e lactantes, pois, a partir de agora, elas não são mais afastadas do ambiente de trabalho como antes. Abordou ainda o grau de insalubridade, que permitiu, por instrumento coletivo de trabalho, que esses enquadramentos pudessem ser suprimidos ou reduzidos. Outra agravante é a prorrogação da jornada de trabalho em ambientes insalubres, o que pode causar prejuízos à saúde do trabalhador.
“Destaco também a alteração da jornada de trabalho, profundamente afetada pela reforma, inclusive com previsão de que as regras sobre sua duração não integram o rol de normas de saúde e segurança. Essa determinação afronta a Constituição da República”, completou.
Dr. Hudson Couto
O Seminário também abordou a importância do fator ergonomia para evitar acidentes de trabalho. Sobre o assunto, Dr. Hudson de Araújo Couto levou aos participantes dados de uma pesquisa que compõe o livro “Um novo olhar na prevenção de acidentes do trabalho: O fator ergonomia”, de sua autoria.
A obra tem como público-alvo médicos do trabalho, engenheiros e técnicos de segurança, profissionais que podem influenciar nas melhorias dentro das empresas. “Na obra eu trago uma pesquisa feita com registros de 983 acidentes de trabalho, onde 41% são claramente decorrentes de más condições de ergonomia, com exemplos dos principais pontos que devem ser atacados e orientações práticas para melhorar essas falhas”, disse.
Em seguida aconteceu o Simpósio SANOFI, tendo como palestrante o Dr. Renato Monteiro, que abordou o Retorno de Investimento (ROI) e como fazer uso dessa ferramenta. “Na realidade, quando se fala em investimento em saúde, sempre deve se enxergar a parte final, que é o trabalhador. Se ele vai se beneficiar disso, ótimo. Mas mostramos como a empresa pode ter um trabalhador numa atividade melhor de saída e melhor amparado”, disse.
Dra. Márcia Bandini, enfatizou que a abertura do primeiro dia do evento teve resultados além do esperado. “Se considerarmos todo o esforço de realizar o evento em um momento de crise de transporte e mudança de local na última hora, começar o dia com sala cheia é uma alegria. Fiquei bastante emocionada de conseguirmos viabilizar esse encontro pela primeira vez no Piauí, com uma sala representativa, com participantes de 46 municípios, distribuídos em 17 estados, não é pouca coisa. E os palestrantes dessa manhã foram maravilhosos, deram verdadeiras aulas”, concluiu.