Pelo décimo segundo ano consecutivo, o Brasil registrou diminuição do percentual da população adulta que faz uso do tabaco. De acordo com uma pesquisa do Ministério da Saúde divulgada nesta sexta-feira, em que se lembra o Dia Mundial Sem Tabaco, a proporção de fumantes entre a população adulta caiu de 15,6% para 9,3% entre 2006 e 2018, uma redução de 40,38%. É a primeira vez, desde o ano de 2006, que mais de 90% da população brasileira aparece no estudo como não fumante .
Em 2016, a fatia de adultos que fumava no país era de 10,2%. Um ano mais tarde, houve queda de apenas 0,1 ponto percentual (10,1%). Em 2018, a diminuição foi maior, de 0,8%. Os dados fazem parte da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), realizada anualmente nas capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal.
Os dados mostram que a prevalência do fumo é quase o dobro entre os homens (12,1% contra 6,9% de mulheres). Já por faixa etária, a proporção de fumantes é maior entre as pessoas com 55 a 64 anos (12,3%).
A menor prevalência de fumantes se dá entre aqueles com 65 anos ou mais (6,1%) e entre jovens de 18 a 24 anos (6,7%).
A pesquisa também aponta que o hábito de fumar foi mais observado em 2018 em quem tem menos escolaridade, já que 13% dos entrevistados com menos de oito anos de escolaridade disseram ser fumantes. Ainda nessa categoria, ficou registrado que o menor percentual de fumantes está entre os que possuem 12 ou mais anos de estudo (6,2%).
A pesquisa tem confiança de 95% e erro máximo de dois pontos percentuais. Revela também que as capitais com maior prevalência de fumantes são Porto Alegre (14,4%), São Paulo (12,5%) e Curitiba (11,4%). Por sua vez, Salvador (4,8%), São Luís (4,8%) e Belém (4,9%) foram as capitais onde a pesquisa registrou menor percentual de fumantes.
Sobre a redução
O Ministério da Saúde considera que a redução do consumo do tabaco no Brasil é resultado de uma série de ações do governo Federal nos últimos anos. Na avaliação do diretor de Doenças e Agravos Não Transmissíveis e Promoção da Saúde da pasta, Eduardo Macario, um grande passo dado pelo Brasil foi se tornar, em 2005, signatário de um acordo para controle do tabaco feito no âmbito da Organização Mundial da Saúde.
— Foi adotada uma série de ações e medidas intersetoriais para o enfrentamento desse fenômeno. Essas ações são principalmente de cunho de legislação, como proibição da publicidade e do fumo em locais coletivos, além da taxação, que são medidas que desestimulam o ato de fumar — diz.
Macario afirma que a meta do governo é continuar reduzindo o consumo de tabaco nos próximos anos. Para atingir o objetivo, o Sistema único de Saúde (SUS) deve continuar sendo o principal ponto de apoio para a população que deseja parar de fumar.
O tratamento no SUS é gratuito. Basta procurar os postos de saúde ou a Secretaria de Saúde do município para ter informações sobre locais e horários de tratamento. Os programas de cessação do fumo já estão disponíveis em quase todos os municípios do país.
Público jovem
Em outra frente, o ministério quer continuar reduzindo o interesse do público jovem pelo cigarro, já que a experimentação de tabaco é alta nessa faixa etária e que cerca de 80% dos fumantes iniciam o hábito antes dos 18 anos.
— O cigarro era cercado por um clima de glamour. Hoje, a imagem que estamos querendo passar é que o cigarro é cafona, é brega. Nesse sentido, influenciando os jovens a não terem a primeira experimentação, que geralmente acontece antes mesmo dos 18 anos de idade.
(Fonte: O Globo)