‘Patologias oftalmológicas e trabalho’ foi o tema apresentado por Dr. Eduardo Costa Sá no webinário realizado no dia 16 de maio na plataforma ANAMT Virtual. A palestra contou com a mediação da Dra. Rosylane Rocha, diretora Científica da Associação, e o presidente, Dr. Francisco Cortes Fernandes, parabenizou a palestra ao final da apresentação.
O principal objetivo da explanação do Dr. Eduardo Sá, que é doutor em ciências pela Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, professor adjunto da Escola Paulista de Medicina (EPM), da Unifesp, foi apresentar os diversos problemas na área da oftalmologia relacionados ao trabalho, como acidentes, lesões, corpo estranho, lacerações e as patologias, além de definição para deficiência visual (PcD).
Ao iniciar a apresentação, ele fez uma revisão de anátomo-fisiologia ocular, fazendo menção a Bernardino Ramazzini, que apresentou observações e estudos sobre problemas oftalmológicos ocupacionais em seus escritos: “Embora não fosse um oftalmologista por especialidade, Ramazzini demonstrou uma compreensão notável das doenças oculares”, pontuou o especialista.
O médico orientou como proceder de forma correta diante dos acidentes que atingem os olhos no ambiente laboral, destacando, principalmente, a importância do adequado uso dos EPIs. “Vale a pena passar para vocês a prática da oftalmologia, que não é do dia a dia do médico do trabalho”, reforçou o médico.
Para complementar, ele abordou temas ligados à legislação sobre avaliação da capacidade visual, entre outros assuntos, como avaliação dos motoristas profissionais pelo Contran.
Importância do EPI
Ao falar sobre traumatismo contuso do globo ocular, o médico observou que isso acontece mais facilmente se o trabalhador não usar o EPI adequadamente. “Pode levar a lesões por todo o globo ocular, dependendo da intensidade do trauma e pode gerar a perda visual, inclusive de forma irreversível. Não vai ter acuidade visual naquele olho atingido, traumatizado”, observou o professor, que é também médico do trabalho.
Corpo estranho
Quando o médico do trabalho identificar um corpo estranho corneano, ocorrência mais comum nas empresas, não deve tentar retirar. “Pode estar muito perto do eixo visual. Nós oftalmologistas vamos escarificar essa córnea, desepitelizar para tirar esse corpo estranho. O melhor é encaminhar imediatamente para uma avaliação oftalmológica de urgência para evitar uma lesão mais profunda”, ensinou, ilustrando a ocorrência com fotos. O mesmo cuidado deve ocorrer quando houver perfuração corneana.
Outras recomendações importantes do Dr. Eduardo é não usar anestésico para tentar tirar o corpo estranho. O recomendável é encaminhar para o oftalmologista quando verificar que não há condições de retirar com lavagem com soro. Os curativos nos olhos para o encaminhamento ao oftalmologista, quando necessários, não devem ser oclusivos, para não comprimir. “Esse detalhe é muito importante”, ressaltou o médico.
No caso de ser um corpo estranho na pálpebra, pode tentar retirar. Quase 90% dos corpos estranhos que entram no olho, mas não grudam na córnea, ficam na pálpebra superior. O trabalhador não conseguirá abrir o olho, terá espasmos na pálpebra, mas o médico do trabalho pode usar um cotonete e lavar com soro, que a tendência é o corpo estranho sair.