O segundo dia do 21º Congresso Nacional ANAMT teve início com a conferência Os Riscos do Termo “Risco”, ministrada por Dr. Hudson Couto. De acordo com o palestrante, risco é o que se passa quando mesmo gente competente, após análise criteriosa, tem incerteza dos objetivos. Ele citou “pecados capitais” do assunto, como não saber que existem ações técnicas normais e ter apenas suposições sobre a intensidade do esforço. Ele ainda ressaltou a importância do equilíbrio entre exigências e mecanismos de regulação e apresentou critérios de classificação de riscos de acidentes, além de ferramentas para identificá-los.
A apresentação foi seguida pela mesa-redonda sobre Inovações Tecnológicas, com a participação de Dra. Walneia Moreira, que falou sobre as possibilidades e os limites da telemedicina na Medicina do Trabalho. Ela elencou as legislações disponíveis sobre o tema, como as Resoluções CFM nº 2323/2022, 2314/2022 e 2325/2022, além da diretriz técnica da ANAMT sobre melhores práticas para uso da telemedicina na medicina do trabalho.
Dr. Fábio Cunha, que tratou do assunto Inteligência Artificial Aplicada à Saúde, falou que o recurso pode ser eficiente para planejamento de políticas públicas e prevenção de epidemias. Porém, a inteligência artificial não substitui o médico, somente auxilia o profissional. Ele ainda alertou que os médicos que não conseguirem usar as novas tecnologias serão substituídos.
O advogado Alberthy Ogliari, que falou sobre as Implicações Administrativas Cíveis, Penais e Éticas, acrescentou que a inteligência artificial também tem sido usada na área jurídica e falou das ações da ANAMT voltadas para concursos públicos com vagas para medicina do trabalho em condições diferentes de outras especialidades.
No âmbito administrativo, ele explicou que as inovações tecnológicas requerem adequação das atividades a serem desenvolvidas às normas internas das empresas. As implicações cíveis ocorrem em caso de vazamento de dados, em que o infrator pode responder por perdas e danos na medida do vazamento. O advogado ainda lembrou das responsabilidades dos médicos em relação à LGPD, que devem ter cuidado com o compartilhamento e consentimento e proteção dos dados relacionados à saúde. Ele ainda lembrou das implicações éticas, relacionadas ao código de ética médica.
Em seguida, foi realizado o simpósio satélite da SOC, que destacou a importância da construção de uma cultura nas empresas para obter resultados. Foram abordados sobre afastamentos acidentários no Brasil e as políticas preventivas que podem contribuir para redução desses dados. Também foi apresentado um exemplo de aplicação da ferramenta no trabalho de um médico do trabalho na empresa e para os funcionários locais.
Ética na especialidade
Na programação da tarde do 21º Congresso Nacional ANAMT foi realizada a conferência Os 10 Pontos Fundamentais da Ética do Exercício da Medicina do Trabalho, apresentada pela Dra. Walneia Moreira. A ética, segundo ela, seria a melhor conduta para a coletividade e deve ser estudada ao longo da vida.
Entre os dez pontos apresentados, ela listou o Código de Ética Médica, o Código de Ética da Associação Mundial de Medicina e o Código de Conduta do Médico do Trabalho, elaborado pela ANAMT. De cada documento, foram destacados os aspectos mais relevantes.
A apresentação dos trabalhos orais inscritos no Congresso também foi realizada em uma mesa-redonda no evento. Entre os temas tratados nos trabalhos científicos, autopercepção do estado de saúde mental, rotina de pausas ativas no ambiente de escritório, risco ao feto e o efeito do afastamento das atividades insalubres, e avaliação de fibrose hepática por elastografia em agricultores expostos a fertilizantes e agrotóxicos.
Absenteísmo e Gestão Administrativa foi outro assunto tratado em uma das mesas-redondas, que contou a participação de Dr. Leandro Guimarães, que falou sobre Absenteísmo e Presenteísmo: Gestão na Prática, Dr. Leonardo Sato, que tratou do tema Gestão de Afastados nas Empresas, e Dr. Eduardo Sá, que tratou do tema Readaptação Funcional: Empresa-Médico do Trabalho-INSS.
Em seguida, foi realizada uma mesa-redonda sobre Adoecimento Mental e Fatores que Influenciam na Saúde Mental. Dra. Lorena Reis realizou uma apresentação sobre Entrevista Psiquiátrica para Análise de Incapacidade Laborativa, seguida por Dr. Carlos Figueiredo, que falou sobre o tema Avaliação Clínica do Trabalhador com Transtorno Afetivo Bipolar nas Atividades com Fatores Estressores.
Burnout e Burnon foi outro assunto abordado na mesa-redonda, apresentado pela Dra. Letícia Akel. Ela ressaltou que Burnout é síndrome e não uma doença e que há diagnósticos de Burnout que não são a síndrome. Porém, ela ressaltou o sofrimento mental pode ocorrer de formas diferentes para cada pessoa. No trabalho, o Burnout está relacionado aos quadros de estresse agudo, que traz danos aos seres humanos.
Sobre Burnon, a palestrante explicou que o quadro não é reconhecido pela comunidade médica mundial e que seria um meio termo até o Burnout.
A Inteligência Artificial em Medicina do Trabalho foi o tema da conferência realizada pelo médico norte-americano Dr. Kenji Saito. De forma interativa, ele questionou os presentes sobre a medicina do trabalho, áreas de atuação e eventuais impactos da inteligência artificial e da automação no setor e no trabalho como um todo. Os resultados foram comparados com levantamentos realizados em países como Estados Unidos, Canadá e Guatemala. Ele também mostrou exemplos de imagens e outras mídias geradas ou solucionadas por Inteligência Artificial. Em seguida, foi realizada a Assembleia Geral Ordinária da ANAMT, onde foram apresentadas informações administrativas e associativas da entidade.
Ao longo do dia, também foram realizados o 3º Encontro das Clínicas de Segurança e Saúde no Trabalho e a IV edição do Encontro dos coordenadores das Câmaras Técnicas de Medicina do Trabalho dos CRMs e médicos fiscais dos CRMs. Entre outros temas tratados nas mesas-redondas do dia, Pessoa com Deficiência, Atenção Básica em Saúde, Gravidez e Lactação e os Limites da Medicina do Trabalho, Perícia Administrativa, Saúde Financeira nas Empresas e Demandas Judiciais e de Órgãos de Fiscalização.