A dificuldade de contar com dados estatísticos precisos sobre saúde em geral, doenças ocupacionais e acidentes de trabalho é uma preocupação dos profissionais da área de medicina do trabalho e de segurança. O assunto veio à tona no webinário da ANAMT, que abordou o Abril Verde, transmitido no dia 18 de abril pela ANAMT Virtual.
O engenheiro Luiz Pedro de Barros, gerente institucional de Saúde e Segurança do Trabalho da Firjan, fez a palestra principal e contou com perguntas do presidente da Associação, Dr. Francisco Cortes Fernandes e da diretora científica, Dra. Rosylane Rocha, que acrescentaram tópicos ao tema principal.
Dr. Francisco Cortes Fernandes manifestou preocupação com os resultados do último quadrimestre de 2022, do programa Previne Brasil, criado em 2019 pelo governo federal, vinculando parte dos recursos da atenção primária ao cumprimento de metas assistenciais.
A maior parte das metas daquele período, como medição de pressão arterial, controle de diabetes, pré-natal, exames citopatológicos, vacinação entre outros, não foi cumprida, conforme matéria publicada no Jornal Folha de S. Paulo no dia 18 de abril.
“O custo da prevenção é muito menor do que o gasto com a hospitalização de um paciente”, destacou. “Nós médicos do trabalho temos a obrigação de nos aliarmos a essa campanha de promoção primária à saúde do trabalhador e tentar bater essas metas do Previne Brasil,” ressaltou o presidente.
Por sua vez, Dra. Rosylane, após apresentar o palestrante e destacar a história da criação da campanha ‘Abril Verde’, resultado da iniciativa do Sindicato dos Técnicos do Trabalho da Paraíba, abordou sobre os dados estatísticos das principais causa de mortalidade entre os brasileiros. Os riscos ocupacionais ocupam o 11º lugar no ranking e, portanto, não estão entre as principais causas. “Esses dados são afetados por doenças crônicas não transmissíveis também. Mas não ouvimos falar sobre isso na campanha Abril Verde”, observou a médica.
O palestrante destacou, entre outros tópicos, a importância de campanhas e cuidados ampliados nas empresas voltados para a saúde global dos trabalhadores, além dos cuidados específicos com os riscos ocupacionais, tendo em vista as doenças crônicas pré-existentes.
“É difícil estabelecer de forma muito clara o que são esses riscos ocupacionais e outras atividades, como o tabagismo, que leva a hipertensão”, exemplificou.