As diferenças entre a ergonomia tradicional e a ergonomia integral e como os dois conhecimentos se complementam foram algumas das questões tratadas na palestra ‘Ergonomia Integral e o Médico do Trabalho’, apresentada pelo Dr. Lenz Alberto Alves Cabral no webinário da ANAMT do dia 19 de junho no ANAMT Virtual.
Dr. Lenz é médico do trabalho, especialista em Ergonomia pela Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais e professor convidado de cursos de Pós-Graduação em Medicina do Trabalho e Engenharia de Segurança do Trabalho, entre outras atividades acadêmicas e profissional, além de autor de livros de interesse da especialidade, como o recém-lançado ‘Ergonomia Integral’.
Dr. Ricardo Turenko, diretor de Relações Internacionais da Associação, coordenou a apresentação. O presidente da ANAMT, Dr. Francisco Cortes Fernandes também participou do encontro.
Uma das primeiras frases do palestrante esclareceu que a ergonomia integral “não é um bicho de sete cabeças. É simples”, destacou, ao acrescentar que o desenvolvimento do trabalho sobre o tema completou 15 anos, incluindo ferramentas para auxiliar na avaliação dos casos práticos.
“Para falar sobre ergonomia integral, temos que começar pela ergonomia tradicional”, explicou. “Hoje, o ergonomista tem que ter um grande dinamismo. Não pensar só em biomecânica. É preciso um olhar realmente global para que possa avaliar todas as situações de ergonomia”, complementou.
Segundo explicou, a ergonomia tradicional preocupa-se com a adaptação do trabalho às pessoas. “Esse conceito é excelente, abrangente, nos atende e nos atendeu muito bem a vida inteira, mas nós vamos discutir um pouco os detalhes sobre ele”, adiantou antes de detalhar as diferenças entre a ergonomia tradicional e a ergonomia integral.
Para Dr. Lenz, o uso do plural para referir-se à adaptação do trabalho às pessoas acaba trazendo muitas dificuldades no dia a dia dos médicos do trabalho, porque a avaliação nessa modalidade é feita pensando no ‘posto de trabalho’. Como explicou ao longo da palestra, a ergonomia tradicional é apropriada para as avaliações macro do ambiente laboral, enquanto a integral ocupa-se com o trabalhador na sua singularidade.
“O ergonomista, na linha tradicional, olha para o processo, o produto desse trabalho e imagina que todos os trabalhadores são iguais Analisamos o posto de trabalho e imaginamos que esse trabalho é algo imutável”, critica o especialista, ao completar que o posto de trabalho apresenta apenas uma foto. “Será que isso satisfaz os médicos do trabalho?”, questionou o médico.
Por sua vez, a ergonomia integral não considera o posto de trabalho e sim a célula de trabalho. “O posto de trabalho é uma foto. A célula é uma unidade, produto da relação do trabalhador com o trabalho em um dado momento. Aqui vamos considerar diferenças individuais”, destacou Dr. Lenz Alberto.
Ao longo da palestra, ele detalhou as diferenças e complementaridade das duas modalidades de ergonomia, explicou como funcionam as ferramentas de avaliação, esclareceu o que é avaliação direta e indireta e apresentou exemplos para melhor esclarecer a função de cada uma das ergonomias.
“A ergonomia integral não tem a pretensão de anular a ergonomia tradicional, mas precisamos avaliar um determinado trabalhador realizando um trabalho em determinado momento”, pontuou o médico.