“Epidemiologia dos transtornos musculoesqueléticos no trabalho” foi o tema do webinário da ANAMT, realizado no dia 7 de fevereiro pela especialista venezuelana Dra. Yohama Caraballo-Arias, graduada na Universidade de Los Andes (Venezuela), professora, escritora e pesquisadora na Universidade de Bologna (Itália). O presidente da ANAMT, Dr. Francisco Cortes Fernandes deu as boas-vindas à especialista e Dra. Rosylane Rocha, diretora científica da Associação, recepcionou a convidada.
Ela iniciou a apresentação destacando que a temática sobre os transtornos musculoesqueléticos é muito importante no ambiente mundial, principalmente porque é um dos principais problemas de saúde a contribuir para as incapacidades em todo o mundo.
“Uma pesquisa feita pela Fundação Bill Gates & Melinda Gates em 204 países aponta que as dores das costas são a primeira causa de incapacidade em âmbito mundial. É uma causa de sofrimento e por isso o afastamento do trabalho e também de perdas na economia para as empresas privadas e governos.”
Assim como outras doenças, os transtornos musculoesqueléticos ocorrem por muitos fatores que contribuem para o problema. “Não se pode subestimar as mudanças nas formas de trabalhar”, ressaltou a especialista.
Entre muitos aspectos que contribuem para o adoecimento, como as dores nas costas ou outras enfermidades, Dra. Yohama incluiu o envelhecimento populacional em alguns países, fatores psicossociais, estilo de vida pouco saudável e a pandemia da Covid-19, entre outras fontes. “Temos o trabalho que está invadindo nossa vida pessoal,” assinalou a médica.
A seu ver, esses fatores precisam ser considerados na avaliação dos transtornos musculoesqueléticos e o diagnóstico preciso da doença leva em conta também a avaliação da causalidade. “Temos que procurar a associação com o trabalho, que é muito complexa. Existem transtornos musculoesqueléticos que por estarmos vivos podem aparecer. Temos que lembrar que a maioria das doenças tem fatores multicausais,” sublinhou.
De acordo com Dra. Yohama, dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), apontam que 70% da população mundial em algum momento terá dor nas costas.
“Como podemos saber se essa dor nas costas é ocupacional ou não? Temos que avaliar os riscos trabalhistas, mas também os não trabalhistas”, pontuou a palestrante.
Ela citou também estatística da OMS que registrou 750 mil mortes no mundo, por ano, por excesso de trabalho, quando a jornada ultrapassa 55 horas semanais.
“Embora os transtornos musculoesqueléticos não provoquem mortalidade, sua incidência é causa de sofrimento”, complementou.
Dra. Yohama falou também sobre as mudanças no ambiente de trabalho com a chegada das novas tecnologias, como a inteligência artificial e robótica. “Alguns especialistas dizem que entre 30% a 45% dos trabalhos feitos hoje vão desaparecer”, enfatizou.
A palestra contou com a apresentação de estatísticas, dicas de livros, fontes de pesquisa, artigos, entre outras observações ligadas ao tema. No encerramento da apresentação, as perguntas e respostas também ilustraram a apresentação.